Ricardo Quaresma sobre André Ventura: “A nossa vida é demasiado preciosa para ouvirmos vozes de burros”
Jogador da seleção nacional publicou um texto no Facebook em que critica o populismo e o racismo de André Ventura. "Apenas serve para virar homens contra homens", afirma o futebolista
05.05.2020 às 23h58

Anadolu Agency/Getty
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"Olhos abertos amigos, a nossa vida é demasiado preciosa para ouvirmos vozes de burros... isto se queremos chegar ao céu". É com estas palavras que o futebolista da seleção nacional Ricardo Quaresma remata um post que publicou na rede social Facebook (e no Twitter e no Instagram - redes em que, no total, é seguido por quase sete milhões de utilizadores), acompanhado de uma imagem do slogan anti-racista "todos diferentes, todos iguais", em que tece duras críticas ao deputado André Ventura, líder do Chega.
"Triste de quem tenta ser alguém na vida atirando os homens uns contra os outros", escreve o antigo jogador do Sporting e do FC Porto, que adianta: "Eu sou cigano. Cigano como todos os outros ciganos e sou português como todos os outros portugueses e não sou nem mais nem menos por isso". Ricardo Quaresma acrescenta que, "como homem, cigano e jogador de futebol", já participou em "várias campanhas de apelo contra o racismo", não porque "parece bem", mas porque acredita que "somos todos iguais e todos merecemos na vida as mesmas oportunidades independentemente do berço em que nascemos".
O jogador da seleção das quinas aponta o dedo ao deputado do Chega, eleito nas legislativas de outubro passado: "O populismo racista do André Ventura apenas serve para virar homens contra homens em nome de uma ambição pelo poder que a história já provou ser um caminho de perdição para a humanidade". E deixa alguns avisos. "Olhos abertos amigos, o populismo diz sempre que é simples marcar golo mas na verdade marcar um golo exige muita tática e técnica" e o racismo "apenas serve para criar guerras entre os homens em que apenas quem as provoca é que ganha algo com isso".
O futebolista sublinha, também, que a seleção nacional de futebol "é de todas as cores, pretos, brancos e até ciganos" e afirma que "em todos bate no coração a vontade de dar a glória ao país": no "momento de levantar os braços e celebrar um golo acredito que nenhum português celebre menos porque o jogador é preto, branco ou cigano".
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