Começou no Record, fez parte do grupo que fundou o I e está no Expresso desde 2011. Ganhou duas coisas: revelação do ano no Record e jornalista desportivo do ano de 2013 para o CNID. Tem os troféus guardados no armário lá de casa tal como os futebolistas têm os deles. É que ele gosta de futebol mas o futebol não gosta dele e à falta de jeitinho faz o que pode para se manter próximo - escreve-o e descreve-o. E esta história de amor-ódio já o levou a muitos lugares - e a um Europeu e a um Mundial. E, de vez em quando, à SIC Notícias. Siga-o no Twitter
Por fim com o desejado Lucas Veríssimo em campo, Jorge Jesus pôs o Benfica com três centrais para encarar prudentemente o Arsenal, a quem retirou espaço para que a explosão e a criatividade dos melhores jogadores não expusessem o momento frágil dos encarnados - e para depois procurar o golo em contra-ataque. Os lisboetas defenderam melhor na primeira-parte e atacaram melhor na segunda; o jogo acabou empatado (1-1) e é justo que assim tenha sido
Portanto, OK, o surto da covid-19 foi ruim, mas além da pandemia há o pandemónio em que os encarnados se encontram há meses - uma confusão que os triunfos com o Famalicão e com o Estoril disfarçara e que o empate de hoje com o Moreirense destapou novamente. À 19.ª jornada, o Benfica soma a pior pontuação desde 2008-09, época que precedeu a primeira vida de Jesus na Luz
O FC Porto empatou com o Boavista (2-2) num jogo em que praticamente tudo lhe saiu ao contrário: a mensagem de revolta alimentada durante a semana resultou num arranque sofrível e o clube sofreu dois golos do rival citadino pela primeira vez na história; depois do empate, Sérgio Oliveira falhou um penálti e o VAR anulou a reviravolta de Evanilson que seria épica, por ação do pé esquerdo do filho de Sérgio Conceição
O Manchester City, de Bernardo Silva, João Cancelo e Rúben Dias, fez parecer as coisas demasiados fáceis para si e perigosamente complicadas para os adversários. Perante o Tottenham, de José Mourinho, ficou 3-0. Um resultado robusto que, ainda assim, não diz tudo sobre o que aconteceu no jogo
Diante do Famalicão, os encarnados marcaram cedo, muito cedo, e não sofreram golos, somaram três pontos e chegaram ao triunfo. No final, Jorge Jesus, que regressou ao banco duas semanas depois, garantiu que a tempestade covid-19 pode já ter passado; mas também é provável que o Benfica tenha perdido o barco
O investimento de €100 milhões, o resgate de Jorge Jesus, a implosão do paradigma da formação, a quebra de confiança entre plantel e treinador e entre a direção e alguns futebolistas. Quem são os visados de Rui Costa? E porque estarão desmotivados?
A crise do Benfica prossegue de ponto perdido em ponto perdido, com soluções previsíveis para os problemas de sempre. Apesar dos 22 remates, dos nove cantos a favor e da superioridade incontestável, os encarnados empataram a zero com o Vitória de Guimarães e ficaram a 11 pontos do líder Sporting. Se lhe dissessem que esta era uma equipa treinada por Jorge Jesus e com um investimento de 100 milhões de euros...
Os vários trocadilhos servem para contextualizar este dérbi entretido, mas mal jogado, e marcado pelo golo de Matheus Nunes que alterou a forma como toda a gente vai passar a olhar retrospetivamente para este Sporting - Benfica. Este pode ter sido o tipping point do campeonato
O Benfica empatou em casa com uma adversário que vinha de quatro derrotas seguidas. Algo vai mal na Luz. Pode ser tático, técnico, físico, estratégico, um problema de Recursos Humanos, ou tudo junto, a que se junta ainda um surto de covid-19, que atenua mas não desculpabiliza. Isto não é jogar para arrasar
Rúben Amorim conquistou a sua segunda Taça da Liga, num jogo que não foi bem jogado, mas em que a confiança, a competitividade, a solidariedade - e também uma palavrinha que dá título a esta crónica e que o treinador costuma repetir - prevaleceram sobre tudo o resto: um relvado lastimável e duas expulsões provavelmente inéditas