Luís Filipe Vieira retira António Costa, Fernando Medina e todos os “os titulares de cargos públicos” da comissão de honra
Em comunicado, o presidente do Benfica diz estar a “assistir nos últimos dias a uma das campanhas mais hipócritas e demagógicas” de que tem memória, entendendo ter chegado o “momento de reagir”. Ataca os meios de comunicação social, defende Costa e Medina e assegura que, se um dia for condenado, sairá “pelo próprio pé do Sport Lisboa e Benfica”
17.09.2020 às 13h31

Costa, Medina e Vieira na consagração de um título de campeão do Benfica
luís barra
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Luís Filipe Vieira decidiu retirar António Costa, Fernando Medina e “todos os titulares de cargos públicos” da lista da comissão de honra à sua candidatura às eleições do Benfica, a disputar em outubro. O presidente do Benfica, que garante estar a assistir “nos últimos dias a uma das campanhas mais hipócritas e demagógicas” de que tem “memória”, entendeu que tinha “chegado o momento de reagir”.
O presidente do Benfica ataca “jornalistas e comentadores que, num registo de excessos, sem conhecimento dos factos, mas com a cumplicidade de quem os vai parcialmente alimentando com o único objetivo de contaminar a perceção pública, vão minando o espaço mediático” - e que se substituíram aos juízes. E defende António Costa e Fernando Medina, “atacados de forma incompreensível e torpe”, “não pelo apoio que enquanto sócios” do Benfica entenderam dar-lhe (“como já o tinham feito em 2012 e 2016”) mas pela “perceção pública que, de forma concertada os media foram ‘construindo’”.
Vieira, por outro lado, diz que está de “consciência tranquila” e que sairá pelo “próprio pé da presidência do Sporting Lisboa e Benfica” se algum dia for condenado em “alguns dos processos de que nestes dias tanto se fala”. “A presença numa comissão de honra esgota-se aí, não se prolonga para lá da eleição. Foi assim no passado e seria também assim nesta janela eleitoral”.
Leia o comunicado na íntegra:
Depois de assistir nos últimos dias a uma das campanhas mais hipócritas e demagógicas de que tenho memória, entendo ter chegado o momento de reagir.
Vivemos tempos em que a justiça passou a ser feita no Facebook, nas redes sociais e nos media. Tempos em que os juízes foram substituídos por jornalistas e comentadores que, num registo de excessos, sem conhecimento dos factos, mas com a cumplicidade de quem os vai parcialmente alimentando com o único objetivo de contaminar a perceção pública, vão minando o espaço mediático. Tempos em os jornais preanunciam condenações e em que líderes partidários e políticos mais populistas, propositadamente, esquecem um dos princípios básicos em que se assenta o nosso Estado de direito. Tempos em que falta seriedade e rigor. Tempos em que, quando a justiça finalmente chega, já não há justiça. Tempos em que o bom-nome e a reputação das pessoas se perdem na avalancha mediática que atropela qualquer presunção de inocência.
Nos últimos quatro dias, António Costa, Fernando Medina e muitos outros foram atacados de forma incompreensível e torpe, não pelo apoio que enquanto sócios do Sport Lisboa e Benfica entenderam dar-me, como já o tinham feito em 2012 e 2016 sem que se tenha assistido a qualquer tipo de alarido, mas, precisamente, pela perceção pública que, de forma concertada, os media foram ‘construindo’, deturpando e usando como catalisador de uma campanha populista de difamação.
Repito o que já disse, estou de consciência tranquila e, se for condenado, no futuro, em algum dos processos de que nestes dias tanto se fala, serei o primeiro a tomar a iniciativa, saindo pelo meu pé da presidência do Sport Lisboa e Benfica.
É tempo de os líderes partidários, e alguns dos políticos que mais se indignaram nestes dias, estarem mais preocupados em combater a tendência de transformar em sentença transitada a notícia de uma suspeita ou de uma acusação judicial.
A presença numa comissão de honra esgota-se aí, não se prolonga para lá da eleição. Foi assim no passado e seria também assim nesta janela eleitoral. Como é meu dever, tenho de agradecer a todos os benfiquistas que até agora decidiram manifestar-me o seu apoio, mas não posso permitir que instrumentalizem o Sport Lisboa e Benfica e a minha comissão de honra em lutas políticas que nada têm que ver com o Clube a que presido e a cuja presidência serei recandidato. Não posso tolerar que este clima difamatório se prolongue, nem que seja aproveitado para atacar de forma indevida o carácter e a seriedade de quem se limitou a expressar-me, enquanto sócio, o seu apoio.
Nesse sentido, e agradecendo a todos a disponibilidade manifestada, tomei a iniciativa de retirar da minha comissão de honra todos – todos – os titulares de cargos públicos, sejam autarcas, deputados ou membros do Governo. É triste que, 46 anos depois do 25 de Abril, se tenha de censurar quem livremente decidiu manifestar-me o seu apoio, mas o populismo e a demagogia dos dias de hoje obrigam-me a fazê-lo de forma a terminar com uma polémica injustificada e profundamente hipócrita.
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