Depois das críticas, Liverpool volta atrás no 'lay-off': "Chegámos à conclusão errada e estamos verdadeiramente arrependidos"
O CEO do Liverpool anunciou que, afinal, o clube já não vai colocar 200 trabalhadores em lay-off, depois daquele que é o sétimo clube mais rico do mundo ter sido amplamente criticado pela medida
06.04.2020 às 19h52

O capitão e o CEO do Liverpool: Virgil van Dijk e Peter Moorde, respetivamente
Andrew Powell
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Quando o sétimo clube mais rico do mundo anuncia que vai colocar 200 trabalhadores em lay-off, para aproveitar o programa governamental que pagará 80% dos salários dos trabalhadores afetados (até um teto máximo de 2.500 libras, i.e., cerca de 2.840 euros - ficando o clube/empresa a pagar apenas 20%) pela pandemia de covid-19, o feedback não é propriamente simpático, por muito que se goste do Liverpool.
Desde adeptos a políticos a ex-jogadores: ninguém gostou do que pareceu ser um aproveitamento dos donos do clube, o Fenway Sports Group, para poupar uns trocos, já que o campeão europeu tem, há décadas, uma essência socialista, desde os tempos em que Bill Shankly o elevou a potência futebolística, no Reino Unido e no mundo.
Ora 48 horas bastaram para Peter Moore, CEO do Liverpool, perceber o tamanho da poça em que tinha metido a pata - e voltar atrás. "Chegámos à conclusão errada ao anunciar que iríamos colocar staff em lay-off devido à suspensão dos jogos da Premier League e estamos verdadeiramente arrependidos", escreveu Moore, num longo comunicado publicado esta segunda-feira à tarde no site do Liverpool.
Depois de explicar que inicialmente todas as hipóteses tinham sido consideradas viáveis - e de acrescentar que o Liverpool era de facto "elegível" para o programa governamental de lay-off - o CEO esclareceu que "a intenção era assegurar que todos os trabalhadores são protegidos da melhor forma possível, sem perder qualquer tipo de ganhos neste período sem precedentes".
Agora, o Liverpool irá "procurar alternativas" para não recorrer ao lay-off, agradecendo a todo o staff "que trabalha de modo incansável para assegurar que o clube tem o mais alto nível possível".

Jan Kruger - UEFA
Ainda assim, Peter Moore alertou, "no espírito da transparência", que apesar de ser verdade que o clube "estava numa posição saudável antes da crise" (comunicou este ano 42 milhões de libras de lucro, ou seja, cerca de 48 milhões de euros), ficou "sem receitas", mas continua a ter gastos. "Como em quase todos os setores da sociedade, há grande incerteza e preocupação sobre o nosso presente e futuro", explicou.
Por isso, o Liverpool, enquanto "empregador responsável preocupado com os seus trabalhadores", irá "continuar a preparar-se para vários cenários", que podem ir "do melhor ao pior caso, e tudo o resto que há pelo meio."
Quanto aos jogadores, nem uma palavra, numa altura em que está em cima da mesa uma possível redução de 30% dos salários para todos os plantéis da Premier League. Contudo, o sindicato dos jogadores rejeitou a proposta, explicando que a mesma iria "reduzir a receita fiscal" do governo britânico: “A proposta [de] descida de 30% dos salários por 12 meses equivale a um total de 500 milhões de libras (cerca de 576 milhões de euros) em cortes salariais e uma perda de mais de 200 milhões de libras (222 milhões de euros) em contribuições fiscais”.
Recorde-se que a Premier League está suspensa, para já, sem previsão de recomeço - "só regressará quando for seguro e apropriado fazê-lo”, disse a organização na passada sexta-feira.
Federação inglesa dá o exemplo com cortes de 30%: "Os salários mais altos assumem uma maior responsabilidade"
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