Na Alemanha, as mulheres também voltaram a jogar futebol
A Bundesliga masculina foi o primeiro grande campeonato europeu a ser retomado após a pandemia de covid-19 e, esta sexta-feira, a Bundesliga feminina seguiu-lhe o exemplo. A Alemanha é, assim, uma raridade no panorama mundial, já que muitas das provas femininas de futebol foram canceladas (como em Portugal), e o interesse pela transmissão dos jogos está a crescer, chegando a 16 países
29.05.2020 às 17h29

O Wolfsburg, campeão alemão, derrotou o Colónia, por 4-0, no regresso da Bundesliga feminina após a paragem devido à covid-19
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No masculino, as contas são relativamente simples: o futebol está (quase) todo de volta. Na Alemanha, a Bundesliga (assim como a 2ª divisão) já regressou; em Portugal, em Inglaterra, em Itália e em Espanha a época 2019/20 também vai ser brevemente retomada. A única exceção nos grandes campeonatos europeus é mesmo França, já que a Ligue 1 foi definitivamente interrompida e só volta em 2020/21.
No feminino, bom, as contas são igualmente simples, só que completamente ao contrário: o futebol foi (quase) todo cancelado, com consequências imprevisíveis para uma modalidade que ainda navega entre o profissional e o amador, apesar de ter finalmente cimentado um crescimento exponencial no interesse mediático e no número de praticantes, particularmente após o sucesso do Mundial 2019, disputado em França.
Um pouco por toda a Europa, os nomes das competições diferem, mas os desfechos foram semelhantes:
em Portugal, o campeonato feminino chama-se Liga BPI e foi cancelado sem campeã - sem se saber, para já, quem será o representante português designado pela Federação Portuguesa de Futebol para participar na qualificação da Liga dos Campeões, já que Benfica e Sporting terminaram a prova com os mesmos 42 pontos (o Benfica tem mais golos marcados, 101 contra 69, e menos golos sofridos, 4 contra 10, do que o Sporting);
em Inglaterra, chama-se Barclay's FA Women’s Super League e foi igualmente cancelada - também não haverá campeãs, mas o Manchester City seguia à frente, com mais um ponto do que o Chelsea e mais quatro do que o Arsenal;
em Espanha, chama-se Primera Iberdrola e também foi cancelada, mas o título foi entregue ao Barcelona, que seguia com mais nove pontos do que o Atlético de Madrid, quando faltavam oito jogos para terminar a prova;
em França, chama-se D1 Arkema e também já foi terminada, com o Lyon, crónico campeão, a somar o 14º título, acabando à frente do PSG.
E é assim que chegamos à única exceção à regra europeia: a Flyeralarm Frauen Bundesliga, na Alemanha (já agora, convém notar que o presidente da Federação Italiana, Gabriele Gravina, também demonstrou a intenção de retomar a Serie A feminina, mas a ainda não há datas para tal, ao contrário do que já acontece com a Serie A masculina).




















O campeonato feminino alemão foi retomado esta sexta-feira, com as campeãs do Wolfsburg - equipa em que joga a internacional portuguesa Cláudia Neto - a golearem o Colónia, por 4-0, num jogo em tudo semelhante aos da Bundesliga masculina: vazio, com as suplentes e o staff de máscara e com os 130 elementos que por ali andavam a terem efetuado testes negativos à covid-19.
Aquando do acordo para o regresso da prova masculina, 11 dos 12 participantes da Bundesliga feminina - só o Colónia se absteve - votaram favoravelmente para retomar a época e contaram com o apoio do fundo de solidariedade de €20 milhões custeado pelos clubes mais rentáveis - Bayern Munique, Borussia Dortmund, RB Leipzig e Bayer Leverkusen - e pela DFB, a Federação alemã.
"Só podemos superar esta crise juntos, a agir como um só, porque só há um futebol", explicou Fritz Keller, presidente da DFB. Stephan Lerch, treinador do Wolfsburg, agradeceu o pé de igualdade: "É um sinal muito forte, um sinal de reconhecimento. Estamos todos muito contentes por nos terem dado a possibilidade de continuar a jogar."
A 17ª jornada da prova (faltam seis para terminar) continuará a ser disputada este fim de semana e contará com uma novidade: será transmitida para muito mais países do que o habitual. Além de poder ser vista na Alemanha, a Bundesliga feminina vai ser transmitida para outros 15 países, numa altura em que o futebol em direto, particularmente no feminino, é tremendamente escasso: Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega, Islândia, México, Honduras, Nicarágua, Guatemala, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Republica Dominicana e EUA.
E, por falar em EUA, é também no país onde residem as campeãs mundiais que há mais uma exceção à regra: a NWSL, campeonato feminino profissional, também vai ser retomada, a 27 de junho, ainda que em moldes diferentes, numa fórmula que faz lembrar os habituais shows americanos.
A NWSL irá organizar a Challenge Cup, uma espécie de torneio com 25 partidas, entre fase regular e jogos a eliminar, com nove equipas todas reunidas no mesmo local, em Utah. A prova será patrocinada pela Secret e pela Procter & Gamble, pelo que não haverá custos extraordinários para as equipas, e será transmitida pela CBS, nos EUA, e pela plataforma de streaming Twitch, para todo o mundo.
E é assim que o futebol é para todos(as). Pelo menos na Alemanha e nos EUA.