Cashball. 854 dias, zero provas, um jogo de mentiras, um caso que não existiu durante dois anos
Uma jornalista prometeu dinheiro por uma entrevista a um denunciante que mentiu à PJ. Perderam-se dois anos e esta é uma história contada por datas, com escutas e muitos equívocos
20.11.2020 às 7h59

André Geraldes foi ilibado pela PJ do Porto na Operação Cashball
RUI FARINHA/LUSA
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O relatório final da Polícia Judiciária sobre a Operação Cashball destapou um esquema fraudulento que envolve um acordo (não cumprido) para pagar uma entrevista a um denunciante que mentiu às autoridades. A PJ desperdiçou 284 dias a investigar denúncias falsas.
Paulo Silva, até então um desconhecido empresário do mundo do futebol, apresenta-se voluntariamente nas instalações da Diretoria do Norte da PJ e confessa ter aliciado árbitros de andebol para que beneficiassem o Sporting e prejudicassem os seus adversários diretos, principalmente o FC Porto. O denunciante disse que recebia instruções de João “Jony” Gonçalves, amigo de Gonçalo Rodrigues, funcionário do Sporting que agiria sob as ordens de André Geraldes, então team manager do clube leonino.
A recompensa para cada árbitro comprado seria de €2500. Paulo Silva entregou aos inspetores que o interrogaram dois telemóveis e um CD com o registo de mensagens trocadas no WhatsApp. Foi interrogado durante três dias e descreveu, com detalhe, encontros com árbitros na Madeira e num café em Pombal e conta até que recorreu “a um cigano” para amedrontar um árbitro que recebeu o dinheiro mas não evitou a derrota. As suspeitas chegaram ao futebol quando Paulo Silva revelou que subornou um jogador do Chaves, Leandro Freire, para facilitar nos jogos com o Sporting. O empresário contou ainda que recebeu instruções para aliciar mais cinco jogadores, mas que não o fez, apesar de ter convencido “os chefes” de que o tinha feito. Perante a gravidade das revelações, a PJ não teve outro remédio senão abrir o processo 5054/18, que viria a ser batizado como Operação Cashball.
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