Discos de Rui Pinto tinham dados de reunião da Europol sobre uma cooperação internacional para a sua detenção. A PJ não sabe explicar como
Inspetor José Amador confirmou que um dos discos apreendidos ao autor de Football Leaks continha elementos sobre uma reunião de setembro de 2016 que visava uma cooperação internacional para a sua detenção, mas a Polícia Judiciária não sabe explicar como é que o acesso foi feito
24.09.2020 às 11h37

Maria Feck
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A Procuradora Marta Viegas questionou o inspetor José Amador, da Polícia Judiciária, sobre um documento encontrado nos discos apreendidos a Rui Pinto que indicia que o arguido terá tido acesso, em 2016, a dados de uma reunião da Europol sobre si.
O inspetor confirmou a existência de um documento que circulou num canal interno das polícias europeias, relativo ao agendamento de uma reunião a 16 de setembro de 2016, que visava abrir uma cooperação entre Portugal, Espanha e Hungria sobre o autor do Football Leaks.
Em tribunal, José Amador garantiu que a segurança informática da Polícia Judiciária não foi comprometida, mas não soube explicar como terá o acesso a essa informação.
O desfecho da reunião da Europol acabou por ser negativo, porque a polícia húngara não quis abrir nenhuma investigação uma vez que a PJ também não tinha quaisquer elementos sobre potenciais ilícitos do autor de Football Leaks relativos a entidades da Hungria.
Rui Pinto deu acesso à PJ, mas não deu as senhas
Na sessão desta quinta-feira, o inspetor José Amador também esclareceu que Rui Pinto aceitou colaborar com a Polícia Judiciária para dar às autoridades portuguesas acesso à informação dos seus discos que estavam protegidos, mas optou por ser ele a introduzir as senhas e não as revelar à PJ.
Relativamente à colaboração de Rui Pinto, José Amador disse, no entanto, que desde a sua extradição para Lisboa, em março de 2019, a PJ tentou a colaboração do autor de Football Leaks, que “não foi possível chegar, porque o arguido assim o entendeu”.
José Amador foi também questionado sobre uma outra colaboração, a ocorrer no quadro do Eurojust. O inspetor reconheceu que Rui Pinto propôs essa colaboração, mas segundo José Amador esse quadro de colaboração não seria possível à luz das regras do Eurojust. “Era uma pretensão condenada à nascença”, defendeu o inspetor.
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