A defesa de Rui Pinto pediu uma nova perícia ao material informático. O Tribunal disse “não”
No requerimento apresentado ao coletivo de juízes que está a julgar o processo, a defesa de Rui Pinto suscitou “a eventual quebra da genuinidade do material analisado” pela Polícia Judiciária (PJ), mas o tribunal não encontrou “qualquer utilidade/interesse para a descoberta da verdade material na realização de nova perícia”
16.11.2020 às 15h02

PATRICIA DE MELO MOREIRA
Partilhar
O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa rejeitou a realização de nova perícia ao material informático apreendido a Rui Pinto, pedida pelo arguido do processo Football Leaks, segundo um despacho proferido hoje, a que a Lusa teve acesso.
“(...) Entende o tribunal que a realização da perícia requerida pelo arguido Rui Pedro Gonçalves Pinto não se afigura útil, uma vez que a análise que iria ser efetuada incidiria sempre sobre as mesmas imagens/conteúdo já analisadas pela PJ, vertido no relatório digital junto aos autos”, indica o despacho.
No requerimento apresentado ao coletivo de juízes que está a julgar o processo, a defesa de Rui Pinto suscitou “a eventual quebra da genuinidade do material analisado” pela Polícia Judiciária (PJ), mas o tribunal não encontrou “qualquer utilidade/interesse para a descoberta da verdade material na realização de nova perícia”.
“Da informação coligida nos presentes autos não há evidências de que a perícia efetuada pela PJ padeça de contradições, tenha partido de pressupostos de facto incorretos ou tenha sido realizada sem observação das melhores práticas técnicas”, refere o despacho.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a PJ e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
Relacionados
- Football Leaks
Football Leaks: José Miguel Júdice chama "ladrão" a Rui Pinto em tribunal
"Fui visitado por esse senhor, que só lhe posso chamar ladrão e que, com grande violência moral e psicológica, me veio furtar"
- Football Leaks
Polícia Judiciária não detetou rendimentos ilícitos de Rui Pinto
Inspector José Amador concluiu esta quinta-feira o seu depoimento no processo de Rui Pinto, admitindo que o arguido negociava livros antigos, mas com rendimentos muito modestos
- Football Leaks
“Sou eu que estou a ser julgado?”: Doyen quer juntar cadastro limpo de Nélio Lucas, defesa de Rui Pinto quer todos os registos anteriores
De facto, o mais recente registo criminal, de 2019, está limpo, mas o mesmo não acontece com anteriores registos criminais de Nélio Lucas, que incluem vários processos, incluindo por passagem de cheques sem cobertura