"Fórmula 1 em Portimão só faz sentido com público. Sem público não é viável. É muito importante o que vai sair deste confinamento"
Ni Amorim, presidente da FPAK, confirma à Tribuna Expresso que Portugal é uma forte hipótese para voltar a receber uma prova de F1 em 2021, a 2 de maio, mas que não há interesse em ter o grande prémio sem público. Os efeitos do confinamento e o apoio do Estado são assim essenciais para que o Autódromo do Algarve volte ao calendário
12.01.2021 às 18h35

Joe Portlock
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Faltam ainda dois meses para o arranque da temporada de 2021 da Fórmula 1 e as primeiras alterações de calendário à conta de uma pandemia que não respeitou a passagem de ano já começaram. Esta terça-feira tornou-se oficial a mudança do GP Austrália para a reta final do calendário, deixando assim de ser, como habitualmente, a prova inaugural da época. Tal como em 2020, Imola entra para o calendário e será a 2.ª prova do ano, com a saída do GP China, ainda a negociar uma data.
E tal como calendário inicialmente revelado, na nova atualização surge um buraco, para uma prova ainda a ser definida, agora a 2 de maio. Na pole position para agarrar esse lugar está, neste momento, Portimão, que poderá repetir assim a presença no Mundial.
A forte possibilidade é confirmada à Tribuna Expresso por Ni Amorim, presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, mas o antigo piloto sublinha que “só faz sentido haver Fórmula 1 se for com público. Se for sem público, do ponto de vista económico, não é viável”.
Assim, para começar, o regresso ou não do GP Portugal em 2021 está dependente da evolução pandémica em Portugal, que entrará em novo confinamento geral ainda esta semana. E depois, da vontade do Governo em financiar a prova.
“Precisamos de conciliar duas vontades e dois interesses: se a pandemia vai permitir que isso assim aconteça e se o Estado está na disposição de ajudar para que haja Fórmula 1 em Portugal no dia 2 de maio”, diz.
“Eu sou um otimista moderado. Em maio poderemos estar em condições, com o confinamento que o pais vai ter agora, com a vacinação a decorrer diariamente... é natural que possamos em três ou quatro meses ter uma situação completamente diferente da atual. Se assim for há condições para que se realize o Grande Prémio”, sublinha Ni Amorim, que alerta que é “muito importante o que vai sair deste confinamento para ditar o futuro imediato do que vai acontecer em março, abril e maio”.

Dan Istitene - Formula 1
O presidente da FPAK frisa que Portugal tem de ser “rápido a tomar uma decisão, mas dentro do razoável e das circunstâncias” e que tal só acontecerá quando houver dados disponíveis no que diz respeito à evolução da covid-19. Mas meados de março será o “limite dos limites” para uma decisão final.
“Estamos em janeiro, agora vamos confinar provavelmente até finais de fevereiro. Meados de março é um mês depois e vamos ter já muitos elementos que nos vão poder permitir saber se há condições ou não e se o Governo apoia a iniciativa ou não”, diz o antigo piloto, que garante que “as reuniões não vão parar e os contactos vão manter-se muito ativos” para que a Fórmula 1 volte a Portugal, repetindo o que aconteceu em outubro de 2020.
O responsável federativo lembra que as “equipas tiveram um papel importante, tal como a opinião dos pilotos” para que Portimão continuasse nas contas dos promotores da Fórmula 1: “A impressão que ficaram foi muito positiva”. Os dados do impacto da prova em 2020 também já estão na posse da secretaria de Estado do Turismo, com Ni Amorim a referir que são muito positivos nomeadamente no capítulo das audiências.
“São absolutamente fantásticas. Ajudou ser uma novidade no calendário, é um motivo de curiosidade para pessoas de todo o Mundo conhecerem o circuito de Portimão”. A nível de impacto económico, os números são também animadores.
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