Jogadoras do movimento "Futebol Sem Género" lamentam que Sindicato não se junte ao protesto e defenda "teto salarial completamente ilegal"
Movimento diz que a sua luta não é contra Joaquim Evangelista "nem contra ninguém, mas em prol do futebol e do futebol feminino em especial". Pede ainda que a Federação Portuguesa de Futebol "não se mantenha no lado errado da história"
19.06.2020 às 21h25
Partilhar
As futebolistas do movimento "Futebol sem Género", que se insurgiu contra o teto salarial imposto pela Federação Portuguesa de Futebol, que anunciou que as equipas da primeira divisão de futebol feminino passarão a ter nos 550 mil euros um limite máximo de investimento, lamentam o comunicado desta sexta-feira do Sindicato dos Jogadores, onde o organismo diz não ver discriminação de género na decisão e ainda que não vai "galopar numa onde mediática".
Ricardo Cardoso, advogado que representa as jogadoras do movimento, numa declaração à Tribuna Expresso, sublinha que as futebolistas "lamentam que o Presidente do Sindicato, ao invés de se juntar a este movimento, defenda, não só a imposição de um teto salarial completamente ilegal, mas, sobretudo, que o seja somente para o futebol feminino"
"Contudo, a luta das jogadoras que representamos não é contra o Presidente do Sindicato, nem contra ninguém, mas em prol do futebol e do futebol feminino em especial", diz ainda Ricardo Cardoso, que deixa ainda um apelo à FPF.
"Daí que mais do que a opinião do presidente do Sindicato, o que é verdadeiramente essencial é que a FPF, depois de analisar os argumentos que lhes apresentamos, não se mantenha no lado errado da História e elimine, de imediato, a imposição de um tecto salarial para o futebol feminino"
Relacionados
- Futebol feminino
Sindicato entende que não há discriminação de género no teto salarial imposto pela FPF e não vai "galopar uma onda mediática"
Em comunicado, o Sindicato dos Jogadores, liderado por Joaquim Evangelista, membro suplente da direção na lista da recandidatura de Fernando Gomes à presidência da Federação Portuguesa de Futebol, defende o caráter "transitório" da medida e não a considera "baseada em qualquer questão de discriminação de género". A entidade diz que o objetivo é trabalhar para o "fair-play financeiro" de uma competição com "resultados desportivos esmagadoramente díspares", garantindo que "está e estará ao lado das jogadoras, em todas as suas reivindicações"
- Futebol feminino
Sindicato estranha não ter sido contactado pelas jogadoras do movimento ‘Futebol Sem Género’, mas está “solidário e disponível”
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, diz que há ainda “todo um percurso a fazer” na defesa dos interesses e desenvolvimento do futebol feminino, mas disse compreender “o sentimento de injustiça das jogadoras ao serem confrontadas" com um limite orçamental
- Futebol feminino
Jogadoras unem-se em protesto contra o teto salarial imposto pela FPF: "viola, drasticamente, o princípio da igualdade"
A 29 de maio, a FPF anunciou que as equipas da primeira divisão de futebol feminino passarão a ter nos 550 mil euros um limite do que podem pagar aos plantéis, numa competição que não é profissional. Centenas de jogadoras, entre elas dezenas de internacionais portuguesas, incluindo Cláudia Neto, capitã da seleção, protestam contra a medida que classificam de "avassaladoramente violadora dos seus direitos individuais enquanto jogadoras de futebol". Fonte oficial da federação diz que quaisquer propostas de alteração aos regulamentos "serão analisadas e terão resposta"