“Sem futebolistas, isto é um carrossel vazio que gira e ninguém vê. É o tempo da lengalenga, dos estúpidos que se aproveitam para não pagar”
Diego Maradona, um dos melhores futebolistas de todos os tempos, diz estar disposto a cortar no seu salário para ajudar outros que não ganharam tanto quanto ele na carreira. E pede para que se cuidem dos miúdos que agora se tornaram profissionais. "Todos nós recebemos um dia o nosso primeiro ordenado e sabemos o que sentimos"
03.04.2020 às 9h39

Marcos Brindicci
Partilhar
E, então, diós chegou-se à frente, falou e disse: "São os futebolistas que movem o mundo, sem eles o mundo seria um carrossel vazio, que andava e andava à roda mas que ninguém ia ver".
Em declarações ao "Infobae", Diego Maradona, um dos melhores jogadores da história do futebol, disse que era preciso, agora, cuidar dos atletas. Sobretudo, os mais desfavorecidos, os que jogam em divisões inferiores e os jovens que assinaram o seu primeiro contrato profissional. "Muitos dos rapazes tiveram azar, as coisas correram mal, mas deram a cara pelos seus clubes e agora é tempo de os sustentar, de garantir que recebam o que merece", analisou o atual treinador do Gymnasia de la Plata, da Argentina.
Maradona, depois, usou o exemplo alemão que, garante, deveria ser replicado noutros lugares. "Nem todas as situações são iguais. Temos de olhar para a Alemanha". Na Bundesliga, o Bayern de Munique, o Bayer Leverkusen, o Borussia Dortmund e o RB Leipzig, os clubes mais ricos, doaram 20 milhões de euros aos outros 32 que competem profissionalmente.
"Os jogadores que tiveram a sorte de ganhar muito dinheiro em toda a carreira deviam organizar-se num fundo comum para ajudar os miúdos que estão a competir nos escalões abaixo. Eu estou disposto a juntar-me a colegas treinadores para ajudar os treinadores desses escalões", revelou Maradona. "Só se sai desta situação com solidariedade. Todos nós, na vida, já tivemos o nosso primeiro salário e sabemos o que isso significa".
Diego garantiu que irá continuar a dar a cara pelos jogadores assegurando relações estreitas com Turco Marchi, o presidente da associação de futebolistas profissionais argentinos. "Muitos pegam-se com ele porque ele mete o pescoço pelos futebolistas. Vou trabalhar ao lado dele. Temos de ter cuidado, porque este é o tempo em que aparecem os estúpidos que querem aproveitar para não pagar, com as suas lengalengas."
Relacionados
-
“Nós podemos viver um ano sem salário. Não acordamos às seis da manhã e voltamos a casa às sete da noite para alimentar a família esfomeada”
Carlos Tévez, avançado do Boca Juniors, sobre a responsabilidade que os futebolistas têm de assumir num quadro de pandemia e de crise financeira. O argentino diz que os jogadores têm de fazer mais do que "gravar vídeos"
-
Salários: Suárez não gostou de ter “lido e ouvido certas coisas que não eram verdade” - e o Barcelona tem uma revolta interna para gerir
Ainda e sempre a questão do corte salarial: depois de Messi se ter queixado publicamente do tratamento que a equipa recebeu da direção do Barcelona, agora é Suárez a criticar Bartomeu e seus colegas. Dois pesos-pesados, talvez os mais pesados, em guerra nada surda contra os dirigentes