Carlos Queiroz sobre a saída da Colômbia: "Depois de uma má série de resultados, a federação não teve coragem de enfrentar as tempestades"
O antigo selecionador da Colômbia, que foi despedido do cargo em setembro, criticou a postura da federação de futebol do país após as derrotas contra o Uruguai e o Equador, dizendo que "os factos mostram que não foi uma decisão racional"
17.12.2020 às 15h34

RODRIGO BUENDIA/Getty
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O treinador português Carlos Queiroz, que foi despedido do cargo de selecionador colombiano no início do mês, acusou hoje a federação de futebol desse país de não ter “coragem para enfrentar as tempestades”.
“Depois de uma má série de resultados, a federação não teve coragem de enfrentar as tempestades. Tomaram uma decisão que devo aceitar, mas com a qual não concordo. Os fatos mostram que não foi uma decisão racional”, afirmou Carlos Queiroz, em entrevista à agência espanhola EFE, em Lisboa.
No cargo desde fevereiro de 2019, a saída do treinador, de 67 anos, aconteceu em 02 de dezembro deste ano, poucos dias depois duas pesadas derrotas na fase de qualificação sul-americana para o Mundial2022, primeiro contra o Uruguai (3-0), em casa, e depois no Equador (6-1), naquela que foi a pior derrota da Colômbia em 43 anos. “Foi uma honra e um grande privilégio ser selecionador da Colômbia, mas, infelizmente, depois dos resultados contra o Uruguai e o Equador, a federação não mostrou a mesma coragem que mostrou no início”, lamentou.
Queiroz explicou que a pandemia de covid-19 teve também um impacto “muito grande” na forma de trabalhar nas seleções e admitiu ficar desempregado até ao fim da pandemia.
“Por causa da covid-19, o trabalho dos selecionadores passou a ser feito pela televisão, sem a possibilidade de ir aos estádios. Em 14 dias de estágio com a equipa, temos de fazer oito ou nove testes à covid-19 e o programa está sempre condicionado por isso. Voltar a trabalhar em condições de pandemia é um risco muito grande”, confessou o treinador, nascido em Moçambique.
Mesmo assim, o antigo selecionador português revelou que o “telefone continua a tocar” com convites e rejeitou dar como terminada a carreira. “A decisão que tenho agora é fazer uma reflexão e, em março ou abril, com o mundo felizmente mudado, tomar uma decisão. Não posso ficar com esse gosto na boca, com o lado amargo do futebol”, concluiu.
Além da seleção sul-americana e de Portugal (1991-1993 e 2008-2010), Queiroz passou pelo Real Madrid (2003-2004), foi adjunto de Alex Ferguson no Manchester United (2002-2003 e 2004-2008) e também treinou o Sporting (1993-1996), os Emirados Árabes Unidos (1997-1999) e a África do Sul (2000-2002). Ao comando da seleção sub-20 de Portugal, o treinador conquistou o Mundial de 1989, na Arábia Saudita, e de 1991, em solo luso.
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Diz-se que o treinador português está de saída da seleção colombiana após as derrotas com o Uruguai (3-0) e o Equador (6-1), que terão provocado - e vindo no seguimento - de alegadas tricas no balneário entre jogadores e contra um alegado favoritismo dado a James Rodríguez. Ele já veio desmenti-las, apesar de confirmar que o ambiente "está afetado", mas a Federação de Futebol da Colômbia garante que, durante os 12 dias de concentração, houve "cordialidade, companheirismo e amizade"