Proença queria jogos em sinal aberto. Como? O Governo injetaria dinheiro nos canais generalistas para comprarem os direitos às operadoras
O presidente da Liga disse, esta segunda-feira, que a sua intenção era que o Governo pudesse dar verbas para que os canais de televisão generalistas comprassem os direitos televisivos dos jogos da I Liga às operadoras, explicando que seria um ciclo fechado: os detentores dos direitos seriam pagos por eles e teriam dinheiro para, por sua vez, pagaram aos clubes
25.05.2020 às 19h39
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O presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, afirmou esta segunda-feira que os restantes jogos da I Liga de futebol devem ser transmitidos em sinal aberto, devido à pandemia da covid-19, e revelou que apresentou essa proposta ao Governo.
“Sabemos que os jogos vão ser à porta fechada e que o público não pode aceder. Aquilo que queremos e tentámos potenciar foi que a entidade governamental pudesse, de alguma forma, injetar dinheiro nos canais generalistas, para que pudessem adquirir conteúdos junto das operadoras. Assim, as operadoras seriam ressarcidas e poderiam pagar os clubes, fechando este ciclo”, afirmou Pedro Proença.
O dirigente máximo da Liga falou aos jornalistas após uma reunião na Câmara Municipal do Porto com o presidente Rui Moreira. “É também uma forma de não ter aglomerados à volta dos estádios e assim também proteger as famílias”, acrescentou o antigo árbitro.
Questionado sobre a sua continuidade à frente do organismo, com Benfica e Cova da Piedade a abandonarem recentemente a direção da Liga, Pedro Proença lembrou que o “importante agora é retomar as competições”.
“Fui reeleito há um ano com 96%. É um momento muito difícil para muitos clubes que estão em sérias dificuldades e necessitam de retomar a sua atividade profissional. Aceitamos com naturalidade as críticas, numa altura que é preciso tomar decisões difíceis. A Liga é dos clubes e o presidente da Liga estará enquanto os clubes quiserem”, frisou.
Após a declaração de pandemia, em 11 de março, as competições desportivas de quase todas as modalidades foram disputadas sem público, adiadas – Jogos Olímpicos Tóquio2020, Euro2020 e Copa América -, suspensas, nos casos dos campeonatos nacionais e provas internacionais, ou mesmo canceladas.
Os campeonatos de futebol de França e dos Países Baixos foram cancelados, enquanto outros países preparam o regresso à competição, com fortes restrições, como sucede na Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal, que tem o reinício da I Liga previsto para 04 de junho.
A II Liga ficou de fora da autorização dada pelo plano de desconfinamento do Governo e da Direção-Geral da Saúde para a conclusão da I Liga e da Taça de Portugal de futebol.
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Em sede de reunião com os clubes da I Liga, Pedro Proença resistiu ao embate com os que o criticavam por ter enviado, à revelia, uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa a pedir ajuda financeira para que os restantes jogos da I Liga passassem em sinal aberto. Depois, pediu uma AG onde irá propôr uma alteração dos estatutos, algo que o grupo G15 pede há anos, que tornaria, no entender dos emblemas menores, a Liga mais justa e democrática. Por outro lado, António Salvador, presidente do Braga, pediu a demissão da direção da Liga e garantiu que irá processar a mesma e a própria Liga se o campeonato não vier a ser concluído, depois de terem sido dadas garantias de que tal iria acontecer