Com bolas paradas matas, com bolas paradas morres
Montado num surpreendente 5-4-1, o FC Porto até começou a ganhar na estreia na Liga dos Campeões, com um golo de Luis Diaz, mas o Manchester City, com um penálti e um livre direto, deu a volta ao resultado, e fechou o jogo em 3-1 já perto do final
21.10.2020 às 22h23
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Primeiro foi Rúben Dias, logo depois Pep Guardiola: entre os elogios ao FC Porto, surgiu a referência à qualidade das "bolas paradas" portistas, momento do jogo em que a equipa de Sérgio Conceição é tremendamente eficaz. Foi assim em 2019/20, quando o FC Porto marcou 35 dos seus 74 golos em lances de bola parada, sagrando-se campeão português e ascendendo, por consequência, à Liga dos Campeões 2020/21.
Só que a vida na competição dos campeões europeus não é a mesma da Liga portuguesa e, afinal, quem acabou por aproveitar as bolas paradas que teve para chegar à vitória foi mesmo... o Manchester City.
Com um novo sistema para tentar travar a máquina ofensiva de Guardiola - Mbemba, Pepe e Sarr formaram o trio de centrais, com Zaidu a fechar pela esquerda e Corona a completar a linha de cinco defesas pela direita; e Marchesin na baliza, Sérgio Oliveira, Fábio Vieira, Uribe e Luis Díaz no meio-campo e Marega na frente -, o FC Porto ia fechando o campo em 5-4-1 para impedir as investidas do City.
A verdade é que a estratégia de Sérgio Conceição foi funcionando quase na perfeição. O City, com três homens atrás a construir, mais um médio que baixava para pegar na bola, tinha muitas dificuldades em entrar no bloco portista e raramente conseguia chegar à frente.
O FC Porto, pelo contrário, acelerava logo para a frente assim que recuperava a bola e foi assim que marcou primeiro, logo aos 14 minutos. Rúben Dias perde a bola a construir um ataque do City e Luis Diaz mete a quinta e foge a toda a defesa adversária para fazer o 1-0.
O golo premiava particularmente a boa organização defensiva do FC Porto, que não dava espaço ao City... com exceção para o lance do empate. Numa bola perdida na frente, entre a confusão na área portista, Gundogan apareceu perante Marchesín e, de seguida, Aguero rematou ao poste - na recarga, Pepe atingiu Sterling e o árbitro marcou penálti.
A jogada ficou em banho-maria até à intervenção do VAR, uma vez que Gundongan pisou a perna de Marchesin antes da disputa entre Pepe e Sterling, mas o árbitro Andris Treimanis manteve a decisão e Aguero aproveitou para fazer o 1-1, de penálti.
O empate abalava os portistas - que, recorde-se, hoje tinham em estreia na Champions mais de uma mão cheia de jogadores: Marchesin, Sarr, Uribe, Zaidu, Fábio Vieira e Diaz - e Sérgio Conceição chegou mesmo a entrar num bate-boca com Pep Guardiola, provocando um ambiente tenso que se fez sentir até à 2ª parte.
Antes, no final da 1ª parte, novamente num lance de transição, Marega atacou a profundidade - e a desordenação da defesa do City - e, na cara de Ederson, quase marcou, com Walker a tirar a bola em cima da linha da baliza.

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Na 2ª parte, a estratégia de Conceição, que tantos problemas tinha criado a um City bastante mais previsível do que é costume (só somava um remate à baliza na 1ª parte), continuava. Só que, apesar da exploração certeira dos pontos fracos do adversário e da atitude competitiva, o FC Porto não pôde fazer frente... a mais uma bola parada. Ou melhor, à qualidade individual de Gundongan na marcação de um livre direto.
Aos 65 minutos, Fábio Vieira comete falta à entrada área e Gundongan aproveita para fazer o 2-1, com um remate por cima da barreira.
Mesmo sem conseguir propriamente superar a estratégia defensiva do FC Porto, o City adiantava-se no marcador e a vida ficava então muito mais complicada para a equipa de Sérgio Conceição, que já não parecia tão capaz de ferir o adversário.
O treinador fez entrar Manafá, para a saída de Diaz, mas só quando Nakajima, Nanu e Taremi entraram, já aos 75 minutos, é que o FC Porto passou para um 4-4-2, para tentar ir atrás do resultado.
Só que, aí, já o jogo ia em 3-1, depois de uma combinação rápida pelo corredor esquerdo entre os dois jovens que tinham acabado de entrar no City, Foden e Ferran, com Ferran a marcar.
O 3-1 acabava com o jogo e o Manchester City iria gerir confortavelmente a vantagem até ao final, impedindo o FC Porto de se gabar de ter montado a estratégia perfeita. Ainda assim, foi por pouco.
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