"Estado Puro" #29. Vistas do Google Earths, a dentadura de Deschamps e Marvila são impossíveis de distinguir (por Luís Franco-Bastos)
Luís Franco-Bastos nasceu em Lisboa, nomeadamente num hospital privado. Licenciou-se em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e a média com que concluiu o curso é, no seu entender, um assunto do foro privado. É humorista e proprietário de imóveis, mas sobretudo humorista. Foi contratado só para esta crónica e, se alguém do Expresso tiver dois dedos de testa, não se seguirá mais nenhuma colaboração
11.07.2018 às 9h20

Anadolu Agency
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A vida é feita de escolhas. Ontem escolhi. Arrependi-me. Caí, levantei-me. Pedras? Guardo todas. Um di... Desculpem.
Foi colocado no meu caminho um dilema - daqueles que, acredito, um dia a vida se encarregará de me explicar porque motivo me foi colocado e etc, adiante - à mesma hora, jogavam França contra Bélgica, e Benfica contra Napredak. Fui obrigado a optar. Não era possível torcer por Benfica e Bélgica em simultâneo, com a intensidade que ambos mereciam. Não gosto de fazer as coisas pela metade - exceptuando talvez, toda e qualquer actividade da minha vida pessoal e profissional - e decidi então ver o jogo da equipa que achei que precisava mais de mim naquele momento, na esperança de ver uma vitória. Essa esperança esfumou-se.
Abdiquei de ver o meu Benfica vulgarizar o poderoso Napredak (que, como todos sabemos, é uma equipa oriunda da bjhgsdgfrtt, exacto), para ver o meu coração destroçado na derrota da Bélgica.
Já o tinha dito e repito: nada tenho contra esta França, pelo contrário, muito respeito e admiração por esta super-equipa. Mas, obviamente, estava a ter um romance de Verão com esta Bélgica que, agora, vai para o jogo mais inútil do mundo, logo a seguir à Supertaça Eslovaca de The Sims: a atribuição de 3.º e 4.º lugar.
Não sei o que sairá do Inglaterra-Croácia de hoje, mas mantenho a convicção que tenho desde o início: esta é dos gauleses. Depois de ter sido campeão do mundo como jogador, penso que ser campeão do mundo também como treinador é o tónico motivacional que Didier Deschamps precisa para, duma vez por todas, ir ao dentista e não termos de ver mais aquele complexo industrial abandonado que é a sua boca. Vistos do Google Earths, a dentadura de Deschamps e a Marvila são impossíveis de distinguir. Torço assim pela França. Por uma higiene bocal decente no futebol.