Sporting 3-6 Benfica. O dérbi histórico... e o jogo em que toda a gente diz "até o Hélder marcou um golo" (por Hélder Cristovão)
Hélder Cristovão não podia escolher outro jogo. A chuva que caiu naquela noite de 14 maio de 1994, em Alvalade, não veio só do céu, mas também em forma de golos nos pés de João Vieira Pinto, Isaías e Hélder, do lado do Benfica, e de Cadete, Figo e Balakov, do Sporting. A rubrica "O Meu Jogo" convida o cronista, jornalista, ex-jogador, seja o que for, a relembrar-se dos eventos desportivos que mais o marcaram, como adepto ou interveniente
11.04.2020 às 14h52

Tony Marshall - EMPICS
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O jogo que vou realçar é, naturalmente, o 6-3, em Alvalade, em 1994. Porque é um jogo que marca essa época em que fomos campeões. Marca pelo resultado e também por eu ter marcado um golo, porque toda a gente diz “até o Hélder marcou um golo”.
Foi um resultado expressivo e ninguém estava à espera, em casa do adversário e rival de sempre. Depois há o hat trick do João Pinto. Foi talvez o melhor jogo que ele fez na vida e nós tivemos o prazer de ser testemunhas ao vivo e dentro do campo.
Tenho de destacar o meu golo, porque também acho que é um excelente golo. E há o facto de ser uma vitória importante para sermos campeões, porque tínhamos só um ponto de vantagem para o Sporting e três para o FC Porto.
Foi toda a envolvência desse dérbi que me marcou.
Lembro-me que houve algumas alterações no onze. O Rui Costa não jogou de início, era o Kenedy no meio-campo, houve algumas mexidas. Era um jogo que trazia alguma desconfiança. Foi uma semana bastante tensa.
As mexidas surgiram porque vínhamos de um empate em casa com o Estrela da Amadora (1-1) e o Toni optou por termos uma equipa mais física, mais consistente em termos táticos, para libertar os jogadores da frente, que neste caso eram o Isaías, o Ailton e o João Pinto, para termos maior mobilidade. Mais rigor tático e libertar os jogadores da frente.

Tiago Miranda
Chovia a cântaros e começámos a perder, com um golo do Cadete, e fomos sempre respondendo ao resultado, até que chegou uma altura em que o João abriu o livro.
Lembro-me de uma substituição do lateral esquerdo do Sporting, o Paulo Torres. Vendo à distância, acho que se pode dizer que foi por aí que nos facilitou a vida, embora a ideia do professor Carlos Queiroz fosse tirar um lateral para colocar um jogador mais ofensivo, o Pacheco. Mas conseguimos aproveitar por aí e fomos superiores.
Lembro-me também que atirei uma bola à barra contra nós, que ia sendo um autogolo.
Foi um jogo muito dinâmico, mas nós fomos mais assertivos e conseguimos fazer golos muito bonitos. Recordo-me da folia na cabine.
A partir do segundo golo do Isaías percebemos que tínhamos matado o jogo. Eles ainda reduzem de penálti, há ali alguma incerteza, mas acho que entretanto eu faço o 6-3 e acabo com o jogo.
(Depoimento recolhido por Alexandra Simões de Abreu)
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