“Vivemos uma guerra em Itália. Se a sociedade não perceber que a forma como agimos faz a diferença nos hospitais, vai morrer muita gente”
Aníbal Capela joga no Cosenza, da Série B, no sul de Itália. Está no país com mais casos registados da Covid-19 na Europa e este é o primeiro capítulo da rubrica "Quarentena à Capela", uma espécie de diário em que o defesa central português contará, na primeira pessoa, como vive um futebolista no meio desta pandemia
16.03.2020 às 18h54
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Cosenza fica bem em baixo, quase na ponta da bota, longe do norte, onde o surto de coronavírus mais atingiu Itália e fez panicar o país. É de lá que chegam os relatos crus e assustadores de hospitais, médicos, enfermeiras e gente que lida, a diário, com uma doença que, a esta hora, já afetava mais de 27 mil pessoas.
Aníbal Capela está em Itália há três anos. Conta dois no Cosenza, onde se encontra de quarentena. "Não é uma coisa fácil. Mas é coletiva, não é individual, tens sempre o consolo de não seres o único a fazer isto", resume, em vídeo, a falar de casa sobre a experiência de estar a viver, por dentro, no país que tem sido mais afetado na Europa.
O português, de 28 anos, realça e reforça que "tem que funcionar assim", pois "só assim podemos conseguir levar avante esta luta", que não é uma luta, mas uma "guerra contra o coronavírus". Durante esta semana, Aníbal Capela vai relatar como é viver em Itália, nesta altura, durante esta pandemia, e aconselhar, explicar e tentar ajudar o "povo português", para que "não passe por aquilo que os italianos estão a passar".
Porque, diz ele, "estamos a viver uma guerra aqui em Itália" e, há poucos dias, falou com três médicos italianos que lhe disseram exatamente a mesma coisa: "Estamos a viver uma guerra, não só nos hospitais, como fora. Se a sociedade não perceber que a forma como agimos faz a diferença nos hospitais, então vai morrer muita gente. Esta é a realidade, foi a mensagem dos médicos."
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