Jesus recusa demitir-se do Benfica. E se for despedido quer receber tudo a que tem direito
O treinador do Benfica não se considera culpado pela crise que se vive no clube. Segundo o “Record”, Jesus vê-se mesmo como parte da solução
24.02.2021 às 9h40

ETTORE FERRARI/EPA
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Em tempo de crise(s), o clube da Luz continua a tentar lidar com a sua, revelando alguma desorientação de dirigentes, equipa técnica e jogadores. Uma coisa é certa: o Benfica não quer despedir Jorge Jesus, o que não significa que o queira manter à frente da equipa principal de futebol.
A questão é, acima de tudo, financeira. Despedir Jesus significaria o pagamento dos vencimentos do treinador até ao final da próxima época. Diz o “Record” que Luís Filipe Vieira gostaria que fosse o técnico a assumir responsabilidades, demitindo-se do cargo que assumiu há pouco mais de meio ano. Segundo o jornal, Jesus não põe sequer a hipótese de se demitir.
Uma das razões que levam Jorge Jesus a recusar demitir-se tem a ver com a responsabilidade pelo que está a acontecer ao futebol do clube. Jesus não se considera o principal responsável pela crise de resultados que levou a um distanciamento praticamente irrecuperável do líder, o surpreendente Sporting de Rúben Amorim.
O “Record” diz que Jorge Jesus se vê muito mais como parte da solução do que do problema. Apesar do investimento histórico em jogadores que precedeu o início desta temporada, o veterano técnico considera que nem tudo o que foi prometido foi cumprido. Para montar a superequipa desejada por Jesus, ainda faltam reforços para posições fulcrais, como a de médio defensivo.
Neste momento, o técnico vê com bons olhos um segundo lugar que permita ao Benfica aceder diretamente à Liga dos Campeões. Na Taça de Portugal, o clube da Luz está quase na final, enquanto a continuação na Liga Europa implique bater o Arsenal na quinta-feira, depois do empate em Roma, casa emprestada do Benfica.
Perante o impasse, Vieira e Jesus estão de acordo numa coisa: é preciso fazer um novo balanço no final da época. Isso mesmo já foi estabelecido entre as duas partes. Se, nessa altura, Jesus verificar que não atingiu qualquer dos objetivos definidos para esta época e perceber que o orçamento para reforçar o plantel não é “suficiente” para que ele continue a construir a “tal” equipa, há hipótese de Jesus decidir sair mesmo pelo próprio pé.
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