A confissão de Cori Gauff, a grande esperança mundial do ténis: "Durante um ano estive mesmo muito deprimida"
Com apenas 16 anos, a norte-americana é uma das teenagers mais entusiasmantes do circuito feminino. Mas antes de chamar a atenção de todos no verão passado, quando bateu Venus Williams em Wimbledon, Gauff chegou a pensar fazer uma pausa para perceber se, de facto, o ténis seria o seu futuro
16.04.2020 às 19h44

TPN
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Alta, esguia, poderosa, madura. Com apenas 16 anos, Cori Gauff tomou de assalto o ténis mundial no último verão, ao chegar à 4.ª ronda de Wimbledon, onde era a tenista mais nova do quadro principal, vencendo Venus Williams pelo caminho. Não foi uma vez sem exemplo, já que nos torneios do Grand Slam seguintes, a norte-americana voltou a mostrar qualidade: chegou à 3.ª no US Open e de novo à 4.ª ronda no Open da Austrália, já em 2020, onde bateu a então campeã em título, Naomi Osaka. Antes disso tinha conquistado o seu primeiro torneio WTA, em Linz, tornando-se, aos 15 anos, na tenista mais nova a vencer uma prova do circuito principal desde 2004.
Mas, para chegar aqui, houve todo um caminho de espinhos, momentos de muita dúvida, dos quais Gauff fala agora sem pruridos num texto na primeira pessoa para a plataforma on-line "Behind the Racquet". Nele, Cori Gauff assume que meses antes da explosão em Wimbledon sofreu de depressão.
"Quando se está num momento mais negro, é muito difícil ver o lado bom das coisas", diz, falando do período entre 2017 e 2018 em que sentiu que "não tinha muitos amigos" para a apoiar, numa altura em que as expectativas criadas à sua volta criavam uma pressão acrescida. E Gauff não deixava de ser apenas uma miúda de 14 anos.
"Sempre fui a mais nova a conseguir certos feitos, o que trouxe uma expectativa que eu não queria. Cheguei a pensar tirar um ano para me focar apenas na minha vida. Não o fazer foi, obviamente, a coisa certa a fazer, mas estive perto de tomar outro caminho. Estava perdida, confusa e a pensar demasiado se isto era realmente algo que eu queria ou que outros queriam por mim", confessa.
Apesar das dúvidas, os resultados nunca deixaram de aparecer. "Essa nem era a questão", sublinha a n.º 52 do Mundo. "Mas às tantas eu não estava a gostar do que fazia. Percebi que tinha de começar a jogar para mim e não para os outros. Durante um ano estive mesmo muito deprimida. Foi o meu ano mais complicado até agora", escreve ainda Gauff.
Tantas vezes comparada às irmãs Williams, Cori Gauff acredita que ainda é cedo para se colocar nessa posição: "Não estou a esse nível ainda. Não é sequer justo para as Williams serem comparadas com alguém que acabou de aparecer. Olho para elas como as minhas referências. Elas são as duas tenistas que trilharam o caminho para que alguém como eu pudesse estar aqui, por isso nunca serei o que elas são".
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